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Foto de Ricardo Esquivel no Pexels |
Desde criança trabalho na feira
com o meu pai. Em todo esse tempo sempre ouvi algumas gírias usadas no
comércio. Algumas delas são, como poderia dizer, exóticas que resolvi
compartilhar com você meu caro leitor.
- COLADO
Quando o Camarada ainda não
vendeu nada ele diz que tá COLADO.
“Já são 10h e ainda to colado”
E Quando termina a feira e não
foi vendido nada. O comerciante já guardou sua mercadoria e se lastima:
“Rapaz, vou voltar colado hoje”
E quando finalmente ele faz a
primeira venda do dia ele abre o sorriso e grita “Êta coisa boa, Descolei”.
- EM GROSSO E NO RETALHO
Em Grosso já tá dizendo:
Mercadoria em grossa quantidade, ou seja, no atacado. O cliente chega na banca e
já pergunta “Quanto é isso aqui em grosso?”. Já no retalho, você já deve ter
percebido que é o oposto: Varejo, para consumidor final que só vai atrás de 1
peça da mercadoria. Ultimamente esse termo é muito usado por quem vai comprar
cigarro e não quer comprar a carteira: “Amigo, você me vê um cigarro no
retalho”
- APURADO
Essa aí é a parte que os
comerciantes mais gostam. Quando termina a feira, o comerciante vai no caixa,
ponchete ou puxa o bolo de dinheiro do bolso, conta e diz: “Apurei R$350 hoje”.
- CHAMBREGUEIRO
Esse aqui é um dos meus favoritos
e quem usa muito é meu pai. Chambregueiro é aquele tipo de cliente que só faz
perguntar os preços das coisas e fica reclamando dos preços dizendo que tá caro
demais ou derruba a qualidade da mercadoria, não compra nada, só vem na banca
pra Chambregar a mercadoria.
- CHORETA
Sabe aquele cliente indeciso, que
não sabe o que levar. Passa tempos e tempos olhando a mercadoria. Analisa
produto por produto milimetricamente. “Fica numa Choreta grande pra escolher
alguma coisa”
- TROCADOR
Adjetivo para descrever aquele
comerciante que faz topo tipo de negócio. Pelo menos aqui onde eu moro, o
trocador geralmente não tem banca, ele fica andando pela feira oferecendo suas
mercadorias: coisas usadas, novas, que vão desde anéis e relógios até caixas de
som portáveis.
Geralmente seus negócios são
trocas de mercadoria com dinheiro voltando. Por exemplo, um trocador faz
negócio com um cliente trocando um relógio por um radinho e o cliente paga um
dinheiro de diferença.
- BOTE PREÇO
Esse termo ouço muito dos
trocadores. Eles são muito abertos para negociar e querem fechar negócio, então
o BOTE PREÇO é como forma de chamar o cliente para o rinque da negociação. Se
você pergunta o preço de um produto a ele e você ficar calado. Ele vai
engrossar a voz e dizer “Bote Preço”.
Mesmo que você não esteja
interessado em negociar ou comprar a mercadoria e ficar calado, para os
comerciantes mais antigos é uma ofensa você não falar quanto você quer pagar.
Isso já aconteceu comigo. Um trocador estava com um relógio de bolso. Fiquei
encantado, mas não tinha dinheiro pra comprar perguntei o preço só por
curiosidade. Ele falou o preço e eu fiquei calado. Ele chamou pra briga: “Bote
Preço” Eu disse que não queria. Ele chamou de novo: Bote seu preço, mesmo que
não queira, bote preço.
Então meu caro leitor, fica a
dica e encontrar com algum trocador por ai. Se ele mandar botar o preço, bote
seu preço.
- TOMBO
Sabe aquela mercadoria que você
vendeu fiado a um cliente e ele nunca mais apareceu para pagar? Então caro
leitor, você não teve um prejuízo, levou um Tombo. E o valor é que vai dizer se
o cliente deu um tombo grande ou pequeno em você.
Trambique
Esse termo é um sinônimo do tombo,
ou seja, comprou e não pagou. A pessoa que pratica este ato leva a fama de Trambiqueiro.
“Não venda fiado a João porque ele gosta de dar trambique no povo”
- TABOCADA
Essa palavrinha também vale se
você teve prejuízo nos seus negócios. Mas aqui é diferente de tombo. Quando
você faz um negócio, por exemplo, trocou um carro com outra pessoa e depois
percebeu que o carro que você pegou valia menos que o seu, então você levou uma
tabocada.
Mas aí você não quer ficar no
prejuízo e vende esse carro mais caro ainda pra outra pessoa, então meu amigo
você deu uma tabocada grande na pessoa que comprou o carro.
- SANGUE BOM
Nem só de razão vive o
comerciante. A Fé,a positividade também entra no jogo.
Eu particularmente uso esse termo
mais para os comerciantes que fornecem mercadorias no atacado. Quando compra
mercadoria de um fornecedor e essa mercadoria vende rapidamente a gente diz
“José tem o sangue bom, o que a gente compra dele num instante vende”.
Tem cliente que gosta de usar
esse termo também: “Gosto de comprar lá em Antônio que ele tem o sangue bom. As
coisas que compro lá nunca dão defeito”
CASAMENTO
Quando a mercadoria não tem saída, se diz que Foi um casamento grande.
Então caro leitor, estas foram algumas
palavras do linguajar do comércio popular que ouço dede criança. Na sua região é
usada alguma dessas palavras? Tá faltando
alguma? Você discorda de alguma coisa que coloquei neste post? Se identificou
com alguma? Vamos interagir e aprender mais.
Grato por ler este texto até aqui
e prestigiar este blog.
Deus te Abençoe! Paz e Bem
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